
Brasil – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (9) que é “uma questão de dias” para que os “bilionários” e “ricaços” do Brasil passem a pagar os impostos que “merecem”. A declaração foi feita durante a inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, em cerimônia que reuniu trabalhadores e autoridades, segundo reportou o Valor Econômico.
Lula voltou a criticar a decisão da Câmara dos Deputados de barrar a votação da medida provisória (MP) que previa uma nova forma de taxação sobre operações financeiras, substituindo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Diante do público, o presidente defendeu que o país não pode continuar permitindo que a classe trabalhadora pague mais impostos do que os super-ricos.
“Uma parte do Congresso votou contra a taxação que queríamos fazer dos bilionários desse país. E vocês [público] não podem ficar quietos. Se um trabalhador pode pagar 27,5% [de Imposto de Renda], por que um ricaço não pode pagar 18%? Ainda fizemos acordo para 12% e eles não quiseram pagar. Eles podem saber que é uma questão de dias, eles vão pagar o imposto que merecem aqui no Brasil porque o povo trabalhador não vai deixar isso barato”, declarou Lula.
Justiça fiscal e valorização do trabalho
O presidente reforçou que a luta por justiça fiscal é uma prioridade do governo e que a resistência da elite econômica em contribuir proporcionalmente à sua riqueza é um obstáculo ao desenvolvimento do país. Lula destacou que a reforma tributária deve garantir que quem ganha mais pague mais, e quem ganha menos seja aliviado da carga tributária desproporcional.
Durante o discurso, ele também celebrou a inauguração da nova unidade da BYD — uma das maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo — como um marco da reindustrialização e da valorização do trabalhador brasileiro.
Reunião para discutir taxação sobre o sistema financeiro
Mais cedo, em entrevista à Rádio Piatã, da Bahia, Lula havia antecipado que reunirá sua equipe na próxima semana para debater novas propostas de taxação sobre o sistema financeiro, especialmente sobre as fintechs, que, segundo ele, já superam os bancos tradicionais em tamanho e lucratividade.
“Eu volto na quarta-feira para Brasília e vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs — que têm fintechs hoje maiores do que banco — pague o imposto devido a esse país”, afirmou.
Lula também contou que conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, após a derrota da MP, pedindo que ambos mantivessem a calma.
“Nós vamos relaxar, não vamos perder o nosso final de semana discutindo o que aconteceu no Congresso Nacional”, disse.
Reforma tributária e combate à desigualdade
A declaração de Lula ocorre em meio às negociações do governo com o Congresso para viabilizar a reforma tributária e garantir que o sistema seja mais progressivo. O presidente tem defendido que a taxação dos mais ricos é fundamental para financiar políticas sociais, equilibrar as contas públicas e reduzir as desigualdades.
Com o tom firme que marcou o discurso em Camaçari, Lula reafirmou sua visão de que o Brasil precisa cobrar mais de quem pode mais. Segundo ele, a justiça fiscal é parte essencial do projeto de reconstrução nacional e da valorização do trabalho como pilar do desenvolvimento.