O presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, tentou usar R$ 8 milhões da entidade em troca do silêncio da funcionária que denunciou o ex-mandatário de assédio sexual e moral. A informação foi confirmada à CNN, no sábado (24), por um diretor da CBF e pela defesa da vítima.

Trechos do documento obtidos pela CNN detalham os valores a serem pagos pela CBF à vítima, por meio de uma rescisão contratual de trabalho com a funcionária. Ela exercia função administrativa na instituição desde 2012 e está de licença médica desde abril de 2021. Para ser oficializado, o contrato precisava ser ratificado pela vítima e pela diretoria da CBF, porém, nenhuma das partes selou o acordo.

O diretor da entidade destacou que os dirigentes se opuseram ao documento, uma vez que o presidente pretendia utilizar recursos da entidade para resolver um assunto particular.

“O referido documento foi produzido de forma unilateral pelo presidente afastado e não chegou a ser assinado, pois a Diretoria detectou que o mesmo estava em desacordo com as políticas de governança e conformidade da entidade, uma vez que o acusado pretendia utilizar recursos da CBF para resolver um assunto estritamente particular”, diz um trecho da nota emitida pelos diretores da entidade.

Já a funcionária da CBF não concordou com as determinações propostas por Caboclo no “Instrumento Particular Confidencial”, documento que faz referência ao acordo trabalhista. De acordo com a defesa da vítima, o presidente afastado da entidade propõe “clausulas absurdas”, como a obrigatoriedade de a funcionária confirmar aos jornalistas que o afastamento do trabalho se deu por problemas psiquiátricos, e não referente aos assédios. Ela também precisaria dizer que a relação com o mandatário era “profissional, respeitosa, íntegra, amistosa e solidária”.

A devolução das gravações feitas pela funcionária, em que Caboclo aparece assediando a vítima, também estava como medida determinante para a ratificação do contrato. Insatisfeita, ela denunciou o presidente da entidade à Comissão de Ética da CBF no dia 4 de junho. Atualmente, Caboclo está afastado da presidência da entidade para a investigação do caso. Ele foi retirado do cargo primeiro por 30 dias, e depois por mais 60, prazo que vence em setembro.

De acordo com o documento obtido pela CNN, o pagamento seria feito pela CBF em três etapas: uma entrada equivalente a 55% do valor total da transação no ato da assinatura do documento – o que corresponde a R$ 4,4 milhões. Logo após, foram estabelecidas 29 parcelas mensais de R$ 68,9 mil e, por último, a transferência de R$ 1,6 milhão.

Com informações de CNN Brasil

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