O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou nesta quinta-feira (29) que as músicas de MC Poze do Rodo funcionam como “instrumentos de propaganda” do Comando Vermelho. O funkeiro foi preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, acusado de envolvimento com a facção, tráfico de drogas e associação para o tráfico.

Durante coletiva na Cidade da Polícia, Curi disse que o cantor usa a música para enaltecer o crime organizado, normalizar o tráfico e influenciar jovens de comunidades.

— É um falso artista que enaltece o Comando Vermelho, faz shows em áreas dominadas pela facção, cercado de criminosos armados. Isso serve como aliciamento de menores. Música não pode ser instrumento de cooptação para o crime — afirmou.

Segundo ele, o alcance das músicas chega a ser mais nocivo do que o disparo de um fuzil.

— São canções que extrapolam qualquer manifestação artística. Propagam o crime — completou.

O delegado André Neves, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), destacou um trecho de uma música recente do artista: “Vamos tomar o Rodo, Antares, e é o CV”. Ele associou esse discurso à morte do policial civil João Pedro Marquini, assassinado em março durante uma ação na Zona Oeste.

Na operação que prendeu MC Poze, foram apreendidos uma BMW X6 avaliada em R$ 880 mil, joias com referências ao tráfico, celulares e documentos. O carro foi retido por alteração de cor. O delegado Moyses Santana afirmou que o cantor terá de comprovar a origem dos bens.

Na saída da delegacia, o funkeiro se disse perseguido:

— Isso é perseguição. Não tem prova de nada. Tem que prender bandido! — declarou.

Produtoras investigadas

A Polícia Civil também investiga produtoras e empresas que estariam se beneficiando financeiramente dos bailes promovidos por MCs ligados ao tráfico. Imagens recentes mostram homens armados durante show de Poze na Cidade de Deus.

— Existem empresas e produtores envolvidos, lavando dinheiro do tráfico por meio desses eventos — afirmou Santana.

Aliciamento de jovens

O subsecretário Carlos Oliveira afirmou que a operação não é contra o funk ou a cultura, mas contra o uso da arte como ferramenta para aliciar menores para o crime.

— Esses elementos influenciam vulneráveis, criam uma falsa narrativa de que o crime é uma saída. Não estamos tratando de arte ou filosofia, e sim de crimes reais — disse.

Quem é MC Poze do Rodo

Marlon Brandon Coelho Couto Silva, 26 anos, é um dos nomes mais conhecidos do funk carioca. Começou a carreira no fim dos anos 2010 e estourou com músicas como “A Cara do Crime” e “Diz aí qual é o plano?”. Hoje tem mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais.

Antes da fama, trabalhou para o tráfico na comunidade do Rodo, em Santa Cruz, Zona Oeste. Poze tem cinco filhos e é casado com a influenciadora Vivi Noronha.

Essa não é a primeira vez que o cantor enfrenta problemas com a Justiça. Em 2019 foi preso por apologia ao crime durante um show em Mato Grosso. Também já foi investigado por agressão e por envolvimento com rifas ilegais divulgadas em redes sociais.

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