Os dois primeiros anos de dados do Telescópio Espacial James Webb, da NASA, corroboraram a intrigante descoberta do Hubble: o universo está se expandindo cerca de 8% mais rápido do que o previsto pelas teorias atuais. Essa discrepância, conhecida como Tensão de Hubble, desafia o modelo padrão da cosmologia, levantando questões sobre possíveis lacunas em nossa compreensão de fenômenos como energia escura e matéria escura.

Confirmação da Tensão de Hubble

A equipe liderada pelo astrofísico Adam Riess, ganhador do Prêmio Nobel, analisou as observações do Webb e confirmou a precisão dos dados do Hubble, descartando falhas instrumentais como causa da anomalia. “Estamos lidando com algo que nossas melhores teorias ainda não conseguem explicar. Parece que há algo faltando em nossa compreensão do universo”, afirmou Riess em estudo publicado no Astrophysical Journal.

Os dados indicam que a constante de Hubble, medida em quilômetros por segundo por megaparsec, é de cerca de 73 — acima do valor estimado de 67-68 com base no modelo padrão. Essa constante mede a taxa de expansão do universo desde o Big Bang, ocorrido há 13-14 bilhões de anos.

Os elementos desconhecidos do universo

Cerca de 96% do universo é composto por matéria escura (27%) e energia escura (69%), elementos hipotéticos que permanecem pouco compreendidos. “É possível que nosso modelo cosmológico precise de ajustes, mas ainda é difícil apontar exatamente o que está errado”, afirmou Siyang Li, coautor do estudo.

A energia escura, responsável pela aceleração da expansão, e a matéria escura, detectada apenas por seus efeitos gravitacionais, podem ser peças-chave para explicar o fenômeno. Outras hipóteses incluem radiação escura, neutrinos e até propriedades exóticas da gravidade.

Observações do Webb e implicações futuras

O estudo utilizou três métodos independentes para medir a distância entre a Terra e galáxias que contêm estrelas do tipo Cefeida, conhecidas por seu brilho pulsante característico. As medições do Webb e do Hubble mostraram total concordância, reforçando a validade da constante de Hubble em 73.

Os resultados abrem caminho para novas investigações, apontando para a necessidade de revisar conceitos fundamentais da física e cosmologia. “Estamos apenas começando a desvendar os segredos do universo”, concluiu Riess.

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