
Na madrugada desta segunda-feira (4), o sargento da Polícia Militar Elizeu da Paz de Souza, acusado de envolvimento na morte do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos em setembro de 2019, faleceu no hospital após ser baleado na cabeça. O incidente ocorreu por volta das 2h33, na Rua Comandante Waldir Bastos, no Conjunto Santos Dumont, Zona Centro-Oeste de Manaus.
Após o ataque, o atirador ordenou que o motorista parasse e fugiu a pé. O PM foi encaminhado ao Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, onde não resistiu aos ferimentos. Até o momento, o responsável pelo crime ainda não foi localizado.
O ataque levanta suspeitas de “queima de arquivo”, já que o PM teria ligação com o polêmico caso “Flávio”. O sargento da PMAM ganhou notoriedade por sua ligação direta com a morte do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos, ocorrida em setembro de 2019.
Foi revelado que Elizeu, que atuava na Casa Militar, era considerado um homem de confiança de Arthur Neto, então prefeito de Manaus, foi o responsável por transportar o corpo de Flávio para um terreno baldio no Tarumã, utilizando um veículo oficial da Prefeitura de Manaus.
Desde o início das investigações, outras pessoas foram mortas em datas próximas ao aniversário de três anos do ocorrido.
Testemunhas do “Caso Flávio” foram assassinadas em 2022
Uma delas foi o delegado Aldeney Góes, assassinado em uma farmácia no Pará no dia 28 de outubro. Aldeney era conhecido por sua postura exemplar e foi um dos primeiros a iniciar as investigações no caso de Flávio. Ele foi responsável por prender Alejandro Valeiko, filho da ex-primeira dama de Manaus, Elizabeth Valeiko, e por solicitar a prisão de outros suspeitos envolvidos.
Outro morto envolvido no caso foi Mateus de Moura Martins, executado a tiros em novembro, em uma barbearia na rua Belo Horizonte, bairro Aleixo, Zona Sul de Manaus. Mateus, de 28 anos, era traficante e uma das testemunhas do crime do engenheiro Flávio. Ele foi surpreendido pelo criminoso enquanto observava o barbeiro cortar o cabelo de seu filho de 8 anos. Segundo o delegado Fábio Silva, o pistoleiro entrou na barbearia sem cobrir o rosto, matou Mateus e fugiu em um carro que o aguardava.
Família do ex-prefeito Arthur Neto e o caso “Flávio”
Em 2021, a Justiça do Amazonas absolveu Paola Valeiko Molina e impronunciou Alejandro Molina Valeiko no processo que investiga os acusados pela morte do engenheiro Flávio Rodrigues. Ambos são filhos da ex-primeira-dama de Manaus, Elizabeth Valeiko, e estavam na lista de réus na ação penal.
Para o TJ-AM, não havia indícios suficientes da participação de Alejandro no homicídio. Contudo, sua impronúncia significa que o processo pode ser reaberto caso novas provas apareçam.
Embora nunca tenha sido arrolado no processo, Arthur Neto, que era o prefeito na época do crime, viu seu enteado, Alejandro Valeiko, e sua família estarem diretamente envolvidos na cena do crime, onde a mãe e a irmã de Alejandro estiveram presentes.
Flávio foi assassinado após um fim de semana de festas regadas a sexo e drogas na casa de Alejandro, onde estavam Elizabeth e Paola. Após o crime, o corpo de Flávio foi transportado em um carro oficial da Prefeitura de Manaus, conduzido por Elizeu da Paz, que atuava na Casa Militar e era um homem de confiança de Arthur Neto.
O corpo foi desovado a uma certa distância da residência, indicando um esforço deliberado para distanciar o ocorrido da família do ex-prefeito.
Relembrando o caso Flávio Rodrigues dos Santos
Em 29 de setembro de 2019, após uma festa na casa de Alejandro Molina Valeiko, filho da primeira dama Elizabeth Valeiko, ocorreu uma briga entre os presentes. Amigos na casa estavam consumindo álcool e drogas quando uma discussão se intensificou, resultando em agressões com facas. O engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos foi esfaqueado e morreu no local. No dia seguinte, seu corpo foi encontrado no bairro Tarumã, próximo à residência de Alejandro.
As investigações apontaram que o sargento Elizeu da Paz de Souza, então lotado na Casa Militar da Prefeitura de Manaus e responsável pela segurança de Alejandro, estava dirigindo um carro alugado da Prefeitura no momento do crime.
Ele teria transportado o corpo de Flávio para o local onde foi encontrado. Mayc Vinícius Teixeira Parede, lutador de MMA, confessou sua participação no crime ao ser preso em 2019, assumindo a culpa pelas facadas desferidas na vítima. Ele foi identificado em vídeos de segurança entrando no condomínio onde ocorreu o assassinato.
Com o ataque recente contra Elizeu da Paz de Souza e a morte de outras duas pessoas-chave na investigação, cresce a suspeita de que há uma tentativa de “queima de arquivo” para encobrir detalhes do caso Flávio Rodrigues dos Santos.