Brasil – A entregadora Duda Taylor Araújo, de 27 anos e que se identifica como não binária, registrou um boletim de ocorrência de injúria e difamação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O registro na Polícia Civil por transfobia decorreu de uma postagem feita pelo parlamentar na rede social X (antigo Twitter), na qual critica reportagem do Metrópoles em que Duda afirma processar os pais por não chamá-la pelo nome social.

“Polícia Civil investigando casal por chamar o filho pelo nome que deu a ele no nascimento. O sujeito resolveu que ‘não tem gênero’ e os pais são investigados por chamá-lo como o homem”, escreveu o deputado.

Duda também formalizou uma denúncia contra Eduardo Bolsonaro na Secretaria da Justiça e Cidadania do estado de São Paulo, afirmando o “comentário discriminatório” do parlamentar.

O Metrópoles encaminhou mensagem para o deputado e também acionou a assessoria de imprensa dele. Nenhum posicionamento havia sido encaminhado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Lembre o caso

Como revelado pelos sites de notícias, Duda processa o pai e a mãe pelo fato de eles não a chamarem pelo nome social.

Ela, que em outros momentos também usa o pronome pessoal “ele”, mudou seu primeiro nome registrado em cartório, do gênero masculino, para um neutro. Isso ocorreu em julho do ano passado.

Apesar disso, seu pai, Oswaldo da Silva Araújo, de 52 anos, e sua mãe, Valdeli Marques Santos, de 47, continuam a chamá-la somente pelo nome masculino, desconsiderando o nome social escolhido por ela.

“Escolhi um nome unissex de propósito, porque faço ambos os gêneros. Até meus 18 anos, tentava me enquadrar num padrão hétero [cisgênero], mas comecei a me questionar”, afirmou Duda ao Metrópoles.

Diante das negativas dos pais em respeitar sua escolha, a entregadora decidiu registrar boletim de ocorrência de injúria, por meio da delegacia eletrônica. Ela também enviou denúncia ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).

O que dizem os pais

Oswaldo da Silva Araújo disse respeitar as escolhas da filha, mas que não consegue chamá-la pelo nome social. “É difícil para a gente chamar ele de Duda. Se ele vem em casa, é bem recebido, não temos nada contra ele. Mas não consigo chamar ele de Duda, mesmo com esse processo aí”.

“Duda não é o nome que demos para o meu filho. A família inteira não chama de Duda. É costume a gente chamar ele [pelo nome civil]. Dessa forma, ele vai ter que processar toda a família”, disse a mãe da entregadora, Valdeli Marques Santos.

Fonte: Metrópoles

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