Brasil – A prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes no Brasil é maior do que a média nacional. Segundo dados inéditos do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), 5,6% da população com 14 anos ou mais utiliza os dispositivos no Brasil, 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o tabaco convencional.

Já entre os adolescentes de 14 a 17 anos, a prevalência é maior: 8,7% dos jovens consumiram vapes no último ano. Os números da pesquisa, realizada pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e financiada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), foram apresentados nesta quinta-feira.

O levantamento ouviu 16.608 brasileiros com 14 anos ou mais de 349 municípios, distribuídos por todas as regiões do país, em 2023. Ao todo, a pesquisa aponta que 26,8 milhões de brasileiros usam algum produto com nicotina, o que responde por 15,5% da população. 11,8% fumam cigarro convencional, contra 19,3% em 2006.

Sobre os vapes, os dados também mostram que 76,3% dos adolescentes que experimentaram cigarro eletrônico passaram a fazer consumo regular. Além disso, os aparelhos não auxiliaram na cessação do tabaco tradicional, uma promessa da indústria. Cerca de 78% dos usuários gerais que fazem o uso conjunto não reduziram o consumo do modelo à combustão. Apenas 8,9% de fato largaram o tradicional.

A maioria da população também percebe os cigarros eletrônicos como nocivos (94,7%), mas reconhece o fácil acesso. Isso embora os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) tenham a venda proibida pela Anvisa no Brasil desde 2009. Em relação aos adultos, 78,4% consideram o acesso fácil ou muito fácil, índice que sobe para 86,7% entre os usuários. Entre os adolescentes, o percentual é de 71,6%, e de 80,7% entre os usuário.

Sobre o cigarro convencional, o hábito é mais prevalente entre homens (13,9%), pessoas com baixa escolaridade (16,5% entre iletrados) e baixa renda (13,2% entre quem vive com até um salário mínimo). No entanto, a pesquisa reforça que “existe heterogeneidade estatisticamente significativa entre as macrorregiões brasileiras quanto às prevalência de tabagismo”.

Sul e Centro-Oeste, por exemplo, concentram as maiores proporções de fumantes atuais, 14,7% e 14,1%, respectivamente. Em paralelo, também exibem elevadas prevalências de ex-fumantes, o que sugere níveis mais altos de iniciação e de cessação.

Mais da metade dos fumantes (57%) declararam alta motivação para largar o hábito, porém apenas 4,1% buscaram ajuda no último ano. A pesquisa também revela que 26,1% começaram antes dos 14 anos, e 35,9% consomem 20 ou mais cigarros por dia.

Em relação à exposição passiva, 16,5% dos adolescentes convivem com fumantes em casa, e 48,1% dos usuários relatam fumar em ambientes domiciliares. O acessos a cigarros convencionais entre adolescentes também aumentou de 62%, em 2012, para 78,4%, em 2023.

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