Manaus – O vereador Dione Carvalho (AGIR) foi indiciado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) pelo crime de peculato na Câmara Municipal de Manaus (CMM). O parlamentar é acusado de envolvimento em um esquema de desvio de salários de funcionários de seu gabinete, em que o político é suspeito de se apropriar de parte do dinheiro recebido por eles, prática conhecida como “rachadinha”.

No inquérito, o vereador nega as acusações e alega desconhecimento sobre o desvio. Além dele, a esposa do vereador Lorena Leão e mais duas pessoas foram indiciadas. O crime de peculato, isto é, quando um servidor público de apropria de forma indevida de bens, dinheiro ou valores públicos, está descrito no artigo 312 do Código Penal, que prevê pena de prisão de 2 a 12 anos e multa.

Segundo as investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada em Crimes Contra a Fazenda Pública, a esposa do vereador Lorena Leão tinha envolvimento ativo para a execução do esquema. Era quem coagia os assessores de Dione a devolver parte dos salários recebidos. O inquérito possui relatos de ex-assessores e provas contra o parlamentar e a esposa.

Uma das vítimas relatou à polícia que chegou a ter a carteira de trabalho vinculada ao gabinete do vereador na Prefeitura de Manaus, mas que não estava tralhando no local.

A vítima relata ainda que foi procurado pela própria esposa do vereador. Lorena teria solicitado, em 7 de janeiro de 2021, todos os documentos do homem (RG, CPF, CPTS, comprovante de residência, etc), com a justificativa de que poderia estar “concorrendo a uma oportunidade de trabalho” no quadro de funcionários de Dione Carvalho.

Ao entregar os documentos, a vítima foi surpreendida ao ser informada que eles eram para cadastro de pessoas que iriam ser ‘auxiliadas’ na pandemia da Covid-19. O homem pontuou ainda que foi depositado o valor de R$ 2,2 mil na conta dele. O montante, contudo, foi devolvido em dinheiro para Lorena Leão, pois seria usado para compra de materiais no combate ao coronavírus, segundo denunciou a vítima.

“Solicito investigação dos fatos, pois no aplicativo da Carteira Digital de Trabalho consta como se eu estivesse vinculado ao gabinete do referido Vereador na Prefeitura de Manaus e eu não estou. Tal fato pode dificultar possíveis oportunidades de trabalho que possam surgir e eu não possa aproveitar por causa desta vinculação. Quero por meio deste, dizer que estou vinculado ao gabinete do vereador no sistema da CTPS Digital, mas que não trabalho no referido local”, pede a vítima, em manifestação ao Ministério Público Federal e que foi encaminhada à Polícia Civil.

Em outro caso, um homem também foi contratado. Assim como o primeiro, a vítima teve que sacar o salário e devolver a maior parte do valor em espécie, deixando uma sobra de apenas R$ 300 na conta do servidor, sob o argumento de ‘acertar contas’.

O inquérito policial foi encaminhado para o Ministério Público do Amazonas (MPAM) nessa quinta-feira, 22, para as devidas providências. O órgão ministerial deve decidir se vai oferecer denúncia contra Dione Carvalho, que pode responder judicialmente. Procurado, o vereador não respondeu à reportagem.

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