Belo Horizonte – A vereadora Duda Salabert (PDT), 40, primeira transsexual eleita em Belo Horizonte, relatou em suas redes sociais ter sido vítima de transfobia após ter atendimento negado em um salão de beleza do Shopping Cidade, na capital mineira, nesta segunda-feira, 25.

Duda contou que ao procurar o estabelecimento para fazer a sobrancelha, as funcionárias do salão disseram que só atendiam “o público feminino”. A recusa ainda continuou mesmo depois que a vereadora disse que era uma pessoa trans.

“Eu vim aqui a um salão no Shopping Cidade, e pedi para fazer a sobrancelha, aí a atendente disse que só atende o público feminino. Eu falei então: a minha sobrancelha é do público feminino. Ela disse: não, a gente não atende homem. Eu falei, eu sou uma pessoa transexual. Aí ela disse: não, a gente não vai te atender”, disse em vídeo postado na sua conta pessoal do Instagram.

A vereadora fez reclamação na gerência do Shopping, e afirmou que fará uma denúncia formal sobre o caso. “Fui à administração do shopping e fiz a reclamação. O shopping pediu desculpas. Amanhã farei a denúncia formal. Recusaram me atender por eu ser uma mulher transexual. Amostra da transfobia diária desse país”, relatou.

Em nota, o Shopping Cidade declarou que repudia a prática e reforçou o combate ao preconceito, acrescentando ser um “ambiente diverso”. “Diante da denúncia recebida, a equipe da administração do Shopping Cidade acolheu prontamente a cliente Duda Salabert e assumiu o compromisso em apurar e atuar na conscientização deste e de outros lojistas para evitar que a situação se repita”.

Outros casos de transfobia

Duda Salabert também já passou por outras situações onde foi vítima de transfobia. A vereadora, que foi a mais votada da história de Belo Horizonte, sofreu discriminação na própria Câmara. Na ocasião da posse dos representantes eleitos, o vereador Wesley Autoescola (Pros) parabenizou a vereadora Professora Marli (PP), por ser a mulher que recebeu mais votos na cidade, e ignorou o desempenho eleitoral de Salabert. A vereadora Professora Marli teve 14.496 votos e Duda obteve 37.613.

Em 2020, 175 pessoas trans foram assassinadas no Brasil e somente no primeiro semestre de 2021, 80 pessoas trans foram mortas. Os dados são de levantamentos da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), e também expõe o registro de 33 tentativas de assassinatos e 27 violações de direitos humanos neste ano.

De acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o crime de transfobia é inafiançável, e comparável ao crime de racismo. A pena varia de um a três anos, podendo chegar a cinco em casos mais graves.

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