Manaus – Vinda da aldeia Umariaçu II, em Tabatinga (a 1.110 quilômetros de Manaus), Djuena Tikuna, 33 anos, é a primeira indígena a se formar em Jornalismo pela UniNorte. Ela é um dos alunos que participaram da colação de grau na semana passada da instituição.

Djuena mudou-se com a família para a capital amazonense quando tinha apenas sete anos. O pai era vigilante de banco e foi transferido para uma agência no município. A principal dificuldade de Djuena e que a motivou a querer estudar Jornalismo foi a língua; quando chegou na cidade, falava apenas a língua Tikuna.

“Na escola sofri bastante preconceito, pois tinha muita dificuldade de falar e escrever corretamente o português. Para vencer esses obstáculos, resolvi me dedicar aos estudos. Passei a escrever poesias e depois a compor músicas”, relembrou.  

Inclusive, a música é uma de suas grandes paixões. Djuena já lançou um CD com canções no dialeto Tikuna e já se apresentou no Teatro Amazonas e em espaços culturais de São Paulo e Fortaleza. Mesmo tendo ido morar em Manaus quando ainda era criança, a família nunca deixou que ela esquecesse suas origens. Por exemplo, a avó da jornalista contava histórias do seu povo, falava sobre os costumes e as principais dificuldades. “Tudo isso fez com que eu nunca deixasse de querer representar bem os indígenas”, frisou.

Ao longo do curso de Jornalismo, Djuena apresentou trabalhos e levantou discussões em sala de aula sobre a cultura indígena. Segundo ela, como profissional da Comunicação é essencial transmitir e fazer chegar até esses povos informações de forma correta sobre a saúde, educação e oportunidade de emprego. Com a conclusão do curso, a jornalista já tem planos para a carreira.

Em breve, lançará um portal de notícias direcionado aos indígenas. A proposta é mostrar o dia a dia dos indígenas, destacando sua cultura. Paralelo a essa meta, continuará se apresentando como cantora. Nos próximos meses, anunciará as datas dos shows.

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