Um a dois anos. Esse é o período indicado pelo presidente do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Wilson Perico, para que as empresas comecem a deixar a Zona Franca de Manaus (ZFM) caso os efeitos do decreto que reduz linearmente o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não sejam revertidos. Apesar do médio prazo para uma possível saída em massa, a insegurança jurídica instaurada pelo decreto já pode afetar o setor.

“Todas as indústrias tem um planejamento e muitos dos itens que as indústrias consomem levam de 6 a 8 meses para serem preparados. O que vai acontecer é que esse planejamento vai ser interrompido e novos modelos, que estão iniciando, muito provavelmente não serão planejados para serem produzidos aqui. Daqui um ano ou dois anos a gente começa a ter um esvaziamento”, declarou Perico durante entrevista coletiva na reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), nesta quarta-feira (06).

Mesmo com os questionamentos pela não judicialização do decreto, por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), segundo Perico, a decisão de manter o diálogo é do governo do Estado e cabe somente ao governador Wilson Lima (UB) esgotar o capital político com o governo federal já que foi a ele feita a promessa de republicação do decreto.

O presidente do Cieam declarou que ainda confia na promessa do presidente Jair Bolsonaro (PL) para excluir os produtos beneficiados pelo Processo Produtivo Básico (PPB) da redução de, em média, 25% da alíquota do IPI.  No entanto, ele acredita que é necessária uma mudança de postura do Amazonas, menos passiva aos mandos de Brasília e as vontades do eixo Sul e Sudeste.

Wilson evitou atribuir a culpa das medidas desfavoráveis ao modelo ZFM ao presidente da República, mas, segundo ele, o maior entrave da industria local é o ministro da Economia e a secretária, Daniella Consentino pois ambos “muito antes de assumirem [seus cargos], tem um posicionamento contrário a política de incentivos fiscais, principalmente com o modelo Zona Franca”.

“Nós precisamos mudar de atitude. Ou nós passamos a nos posicionar com altivez do tamanho desse estado ou pessoas de Brasília ou do eixo de São Paulo vão continuar querendo meter o dedo e dizer o que nós do Amazonas e da Amazônia devemos fazer, como fazer e o que faremos. Aquilo que tem ligação direta conosco não pode ter decisão nenhuma sem que os aqui vivem participem efetivamente dessas discussões”, reforçou Perico.

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