Brasília – Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro usaram as rede sociais nesta sexta-feira (24) para acusar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) de promover uma espécie de AI-5 ao suspender as contas dos investigados no inquérito das fake news.

“O ditador togado Alexandre de Moraes bloqueou as mídias de várias pessoas, no inconstitucional inquérito AI5 do STF. A liberdade de expressão nunca foi tão violada como atualmente. NUNCA. Nem no regime militar. E pior: violada por quem mais deveria protegê-la. Fora, Moraes”, escreveu o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR).

Os comentários críticos dos bolsonaristas fizeram o termo AI-5 chegar aos assuntos mais comentados do Twitter, o que chamou a atenção porque militantes bolsonaristas já defenderam “um novo AI-5”. O próprio deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, causou polêmica no ano passado ao falar sobre o tema.

“Tudo é culpa do Bolsonaro. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta e uma resposta ela pode ser via um novo AI-5”, afirmou em entrevista à jornalista Leda Nagle, no YouTube. A fala gerou grande repercussão na época e fez até Jair Bolsonaro contrariar o filho. Um processo chegou a ser aberto no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, mas está parado.

“Num dia, os bolsonaristas extremistas pedem intervenção militar e a volta do AI-5. No outro, reclamam de censura”, comentou o perfil da bancada do PDT no Senado.

Apesar das ironias, a decisão de Moraes não foi consenso entre “anti-bolsonaristas”. “Impedir os ativistas de direita de se manifestarem pelas mídias sociais é censura prévia. Uma coisa é investigar e eventualmente punir por aquilo que publicaram; outra, inteiramente diferente, é impedir que falem”, escreveu Pablo Ortellado, pesquisador sobre debate público no meio digital no Brasil e colunista da Folha.

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