MANAUS – O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), venceu a 4ª edição do Prêmio SDSN Amazônia 2021 – Soluções para uma Nova Bioeconomia Amazônica.

Farinha de fígado de peixe e gelatina de peles feitos a partir de resíduos de espécies nativas da Amazônia, que na maioria das vezes vão parar no lixo, foram os produtos desenvolvidos pelo instituto.

O projeto denominado de “Sustentabilidade da cadeia produtiva do peixe com o uso de resíduos para a produção de suplementos funcionais”, foi desenvolvido pelos pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar, vinculados à Coordenação de Sociedade, Meio Ambiente e Saúde (Cosas) e líderes dos Laboratórios de Alimento Funcional e Físico-química de Alimentos. E tem como objetivo, minimizar os impactos ambientais gerados por cabeças, carcaças, peles e vísceras do pescado, nas diferentes etapas da cadeia produtiva da piscicultura, e também, gerar renda para os produtores.

Com o uso de resíduos de jaraqui (Semaprochilodus spp), aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (piaractus), adquiridos em feiras e supermercados, os pesquisadores elaboraram produtos funcionais que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população da região, uma das maiores consumidoras de peixe do Brasil.

A partir dos resíduos do pescado, foram desenvolvidas gelatina, farinha de fígado e sopa, que são produtos nutritivos e ricos em aminoácidos. A farinha de fígado tem uma vantagem a mais, podendo auxiliar na suplementação de anemia ferropriva, um tipo de anemia que acontece devido à falta de ferro no organismo.

Para a obtenção da gelatina, os pesquisadores utilizaram o processo de extração acida-e básica (processo de neutralização) e para as farinhas a desidratação.

RECONHECIMENTO

A pesquisadora Francisca Souza, que é formada em Química, mestre em Ciências de Alimentos e Doutorada em Biotecnologia, disse que o Prêmio SDSN Amazônia, voltado para incentivar a criação de uma economia verde, representa o reconhecimento ao trabalho.

De acordo ela, os subprodutos separados durante o processamento de peixes chegam de 50% a 70% da massa de matéria-prima (parte aproveitável, comercial) e cerca de 30% consistem em cabeças, carcaças, pele e vísceras que podem ser aproveitados para a produção de outros subprodutos, reduzindo o impacto ambiental dessa atividade.

“Peles e ossos do pescado, que contém uma elevada quantidade de colágeno, podem ser utilizados para a manufatura de gelatina e farinhas, representando uma alternativa de aproveitamento comercial destes resíduos”, destacou.

A recuperação de compostos que são desperdiçados continuamente traz um avanço significativo na manutenção do equilíbrio do meio ambiente, por reduzir o impacto causado pelas grandes quantidades de resíduos gerados e que representam sérios problemas de armazenagem, transformação e eliminação, além de impactos ecológicos e econômicos.

“No momento em que a sociedade caminha rapidamente para a valorização da economia e incentiva a sustentabilidade, iniciativas como essa referendam as nossas diretrizes junto aos Objetivos de Desenvolvimento sustentável.  E esse reconhecimento demonstra que estamos no caminho certo, reforça que o trabalho executado até aqui contribuiu de alguma forma para as soluções voltadas para a Economia Verde e Bioeconomia da Amazônia”, afirmou Francisca.

O projeto teve o suporte financeiro com a aprovação em 2009 da Fapeam/MCT/CNPq/CT – INFRA Jovens Pesquisadores Programa Primeiros Projetos – PPP do projeto intitulado “Elaboração, avaliação nutricional e sensorial de sopa e gelatina a base de peixes amazônicos”.

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