A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão e Vietnã, em março, mobilizou ao menos 220 pessoas e gerou gastos superiores a R$ 4,54 milhões — valor que pode ser ainda maior, já que parte dos dados segue indisponível.

A missão oficial incluiu parlamentares, servidores do Executivo, militares e integrantes do entorno da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Segundo levantamento com base em documentos do Diário Oficial da União, ordens bancárias e registros do Senado, essa foi a maior comitiva internacional da atual gestão. A lista completa ainda não foi publicada no Painel de Viagens ou no Portal da Transparência.

A Secretaria de Comunicação da Presidência se recusou a informar o número total de viajantes e os custos consolidados, alegando que as listas de comitivas técnicas e de apoio estão classificadas como “reservadas” por até cinco anos.

Mesmo com o sigilo, a imprensa identificou 72 integrantes de órgãos ligados ao Planalto, além de ministros como Mauro Vieira (Relações Exteriores), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também integrou a comitiva.

Janja viajou antes e em classe executiva

Janja embarcou antes da comitiva oficial, em voo da FAB que transportava o escalão avançado. Voltou ao Brasil em classe executiva, ocupando o assento 1L entre Paris e São Paulo. Os deslocamentos da primeira-dama custaram mais de R$ 60 mil, segundo registros oficiais. Ela não ocupa cargo formal no governo.

Janja alegou ter antecipado a viagem para “economizar passagem”, hospedando-se na residência do embaixador brasileiro em Tóquio. O grupo responsável pela preparação da chegada de Lula, o Escav, contou com 112 integrantes, a maioria militares, membros do GSI e diplomatas. Também viajaram o fotógrafo Ricardo Stuckert, assessores de Janja e a infectologista Ana Helena Germoglio, que atende Lula.

Altos custos com hospedagens e diárias

A logística incluiu escalas em Anchorage, Alasca. Só os pernoites no hotel Crowne Plaza custaram R$ 77,9 mil, enquanto o aluguel de veículos com motorista somou R$ 397,8 mil, pagos à BAC Transportation LLC.

Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), lidera a lista de despesas, com R$ 112,2 mil em passagens e diárias. Em seguida, aparece o deputado Juscelino Filho (União-MA), ex-ministro das Comunicações, com R$ 99,6 mil — em sua última missão oficial antes de pedir demissão após denúncia da PGR por desvio de emendas. Juscelino ainda levou dois assessores, ao custo adicional de R$ 106,9 mil.

O MDIC informou que as passagens foram adquiridas após pesquisa de preços por empresa contratada pelo governo.

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