Em protesto à falta de professores, alunos do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) do campus de Coari (a 366 quilômetros de Manaus), realizaram uma manifestação na unidade, na manhã desta segunda-feira, 15 de abril. O prédio administrativo da instituição chegou a ser fechado.
De acordo com o presidente do Centro Acadêmico de Medicina, o estudante Hiago da Silva, além da falta de estrutura física, a universidade não possui profissionais para ministrar os conteúdos clínicos para as três turmas de Medicina, o que vem prejudicando os alunos desde 2016, ano em que foi criado o curso no município.
“Estamos lutando desde que chegamos aqui. Já recomemos a coordenação da Ufam, Conselho Diretor e muitos outros, inclusive à Reitoria para tentar solucionar essa situação. Até mesmo uma equipe do MEC esteve na Ufam de Coari, mas nada foi solucionado”, explicou Hiago.
Ainda de acordo com ele, existem apenas três professores médicos para atender as três turmas. Os professores atuam apenas em período quinzenal no município, em regime de 20 horas semanais, o que causa déficit no ensino. Há ainda denúncias de que há professores que ocupam cadeiras na Ufam, mas não atuam na universidade.
MPF intervém – No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao reitor da Ufam, Sylvio Puga, a estruturação do curso de Medicina da universidade no município de Coari e a reavaliação do plano pedagógico do curso, compatibilizando a carga horária de cada disciplina ao que é ministrado na capital.
O MPF identificou que há considerável diferença entre a carga horária de matérias do curso no município e do mesmo curso em Manaus. Em disciplinas de formação médica de base biológica, a carga horária em Coari é menor que em Manaus, como é o caso de Patologia Geral, que tem carga de 90 horas em Coari e 210 horas na capital; já em disciplinas de atenção à saúde, como Família e Comunidade, há excesso de carga horária no interior, com 1545 horas em Coari contra 540 horas em Manaus.
A precariedade de recursos físicos da universidade no município do interior, onde faltam instrumentos fundamentais para a boa formação dos acadêmicos, como bonecos para simulação, materiais cirúrgicos (luvas, pinças, bisturis), peças anatômicas orgânicas, microscópios e até materiais básicos como mesas e cadeiras, já foi noticiada à administração da Ufam pela primeira turma do curso de Medicina do campus de Coari, mas não foram adotadas medidas para solucionar a questão.
A assessoria de comunicação da Ufam foi consultada sobre a manifestação e informou que irá se manifestar após o posicionamento de seu reitor, que está em Coari para evento da instituição de ensino.